Bus Ride Notes
Entrevistas

4n4 Not Found – A braba da nova geração do Pop Punk

Não é segredo pra ninguém que o Bus Ride Notes ama pop punk (menos os estúpidos). A gente ouve mainstream, underground, os acústicos e os agitados, us queer e o dos boy que são ok. Se tem guitarrinha abafada e muita energia, estamos dentro! E se tem kid envolvido, tem coisa nova surgindo sempre.

Nesse clima nova geração, conversamos com 4n4 Not Found, uma das mais brabas do novo pop punk brasuca, que traz várias referências e influências diferentes, mas com aquela mesma energia que amamos: jovem pulando no fuckiiing sofá!

Ei! Como você está? Pra começar queria que você contasse um pouco sobre como tudo começou, o lance da música na sua vida e como o pop punk chegou até você, tanto o mainstream quanto o underground.

Eai, tudo certo por aqui, primeiramente eu quero agradecer o trabalho que vocês fazem de dar visibilidade pra cena local e nacional e dizer que é uma honra participar aqui também. Bom, música e arte em geral pra mim vem de família, cresci vendo o envolvimento da minha vó e do meu pai com música, e o incentivo da minha mãe foi e é muito importante!

Já a cena underground é influência especificamente do meu pai e dos amigos dele, que sempre me levavam pros ensaios das bandas que eles tinham na cidade onde cresci (Santa Maria, RS), assim fui pegando gosto. Hoje tenho a sorte de conviver com pessoas incríveis e cada vez mais relevantes. 

Você faz parte de uma nova geração de jovens fazendo música. The Letters To, Luke Mello (e toda galera Big Cry Records), os meninos do Zero to Hero e outres incríveis que têm aparecido e movimentado de um jeito muito legal esse rolê emo, pop punk underground por aqui. E junto disso tem um cenário que parece enorme lá fora, mas que não parece vir de dentro pra fora, como é aqui. É tanto que tem uma galera que escreve sobre música aqui que nem tem enxergado esse rolê de vocês e fazem apostas bem rasas sobre o retorno do pop punk no Brasil. Bom, esse é um assunto sem fim, mas queria saber um pouco do que você pensa sobre esse tão falado retorno do pop punk e como você se vê inserida e influenciada por ele, musicalmente, esteticamente e tudo mais.

Então, eu acho que houve realmente uma esfriada no emo e pop punk por um período, mas não acho que tenha sido por falta de admiradores do movimento, e sim por conta de uma fase de mudança tecnológica e social que influenciou diversos estilos musicais. Mudou a estética musical do pop punk mainstream com elementos mais eletrônicos e a estética visual da galera juntamente com influência das novas redes sociais, etc… Eu gosto de acompanhar o que está acontecendo na música mundial, gosto de abraçar novas tendências e musicalmente não seria diferente!

Você lançou dois singles incríveis ano passado. “Tired” tem um pezinho nesse novo pop punk, com uns beats. Já a “Blurry Memory” segue aquele som tradicional que a gente ama. Conta um pouco como foi o processo deles, sobre o que eles falam. Quem tá na produção é o Luke da Big Cry, né? Como é fazer música com esse jovem monstro do pop punk?

Adoro falar dessa parte! “Tired” surgiu com reflexões das minhas sessões de terapia haha! Eu falo isso de forma leve, por que não é incomum passar por abusos durante a vida, e essa música é sobre uma experiência que resolvi encarar.

“Blurry Memory” é uma aventura que vivi em 2016 sob a perspectiva que eu acho que a pessoa que estava comigo teve da coisa toda, e na época eu ouvia bastante Blink 182, acho que por isso a cara mais tradicional do pop punk.

Com relação a gravar com o Luke, é muito doido pra mim por ser improvável o modo que a gente se conheceu e como com a convivência pelos dias de gravação, acabamos cultivando uma amizade que eu prezo muito. Admiro o trabalho dele, tanto as músicas próprias quanto a produção, é simplesmente um prazer ter a possibilidade de trabalhar com ele. Competente, paciente e cheio de boas sugestões.

E o clipe de “Tired”? Coisa mais linda de foda! Conta um pouco sobre ele? Quem tá por trás da ideia e da execução?

Ah, muito muito obrigada! Bom, o clipe eu fiz em casa, eu, uma câmera e minhas habilidades, modéstia a parte… haha. Eu curso Artes Visuais no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e gosto de usar vídeo como meio, então decidi me aventurar. Confesso que eu queria ter me dedicado mais, mas foi o possível com as ferramentas que eu tinha no momento.

Essa pergunta é clichê, mas pra quem gosta de falar de música não é haha. O que você tem escutado e que tem influenciado seu trampo? Coisas novas, coisas velhas, de amigues…

Nos últimos anos eu tenho escutado MUITO Nothing, Nowhere, MGK, Yungblud, que são minhas principais referências atuais, e quero dar um “shoutout” pra Awfultune, que é uma mulher trans incrível e talentosa, tenho escutado bastante também.

Não posso deixar de citar Bring Me The Horizon, Twenty One Pilots e Paramore, que me acompanham há muitos anos. Quero mencionar também referências do Rio Grande do Sul, as bandas TNT, Cachorro Grande e Cidadão Quem, que cresci escutando. 

Aqui no blog a gente ama emo e pop punk, cada pessoa de um jeitinho e com suas influências. Mas num geral a gente se combina no amor pela cena underground, feminista, queer, não-branca que há anos tem criado bandas maravilhosas pelo mundo todo, com a ideia e a prática de uma cena menos macho heteronormativa, mais acolhedora e segura. Essa passou a ser uma referência do que queremos viver no punk, de alguma forma. Eu queria saber como você se vê nisso, nesse cenário novo, a relação com as pessoas que têm vivido isso com você, se essa nova realidade de uma cena mais diversa é de fato real ou ainda tem muita coisa pra ser mudada e transformada.

Acredito que tudo é processo, estamos sim em um processo de melhora na aceitação de diversidades, mas de fato ainda a predominância é masculina, cis, branca e hétero.

Eu sou mulher cis, bissexual, gosto de deixar claro para que seja visível o número a mais que eu somo em algumas minorias. Cada um tem seu tempo de falar sobre quem é, mas quando aceitamos, muitas portas se abrem e nós abrimos novas portas para quem vem depois.

Quais são os planos pra esse ano? Se a gente sair desse pesadelo da pandemia, já tem uma banda pros shows e tudo mais? Mais algum single ou EP em vista?

Tem novidade vindo sim! Um EP está no forno, um novo filhote que estou cuidando, vou trazer algumas coisinhas diferentes e mais pop punk, é o máximo que posso falar sobre, tenho certeza que vão gostar.

Com relação à banda, ainda não tenho, mas conhecendo tantos músicos excelentes acho que não será um problema.

Muito obrigado pela conversa, de verdade. Se tem algo que não comentei e que queira falar, fique à vontade. Que tudo fique bem e a gente consiga ver um show seu em breve!

Eu que agradeço! Foi um prazer participar e vai rolar sim! Em breve! 

Você pode ouvir 4n4 Not Found nas redes de stream.