Bus Ride Notes
Coletivos / Selos

Entrevista: Coletivo Panela de Pressão

Panela de Pressão é um coletivo bastante ativo há algum tempo no interior de São Paulo, mais precisamente na região de Ribeirão Preto e um pouco também na região de São José do Rio Preto.

A principal atividade do coletivo é promover e apoiar roles, mas em setembro de 2021 eles lançaram sua primeira coletânea, com 24 bandas (já falamos sobre algumas delas na Discografia Caipirópolis).

Pra conhecer um pouco mais sobre eles conversamos com Emerson, da banda Radiação X, na entrevista que você lê a seguir.

Vocês podem falar um pouco sobre o coletivo para quem não conhece?

O Coletivo Panela de Pressão surgiu praticamente no final de 2018 com a intenção de, sem fins lucrativos, propagar arte através de bandas autorais, utilizando um gerador de energia para viabilizar os itinerários por onde passa, seja um local amplo ou até mesmo uma praça.

Os festivais são realizados de forma coletiva e colaborativa, o curador do evento local organiza o alvará para facilitar a construção e apresentação do evento.

Como surgiu o Panela de Pressão?

O Coletivo Panela de Pressão surgiu com a ideia de disseminar os gêneros musicais autorais e juntar as bandas que sempre se encontravam em festivais na região da metrópole Ribeirão Pretana.

Como esses festivais aconteciam em datas aleatórias surgiu a ideia de realizar nosso primeiro festival próprio com a intenção de ocupar os espaços públicos, como fazia a antiga banda Que Miras Chicón (hoje Pinscher Attack).

Eu costumo dizer que se você quiser ver um show de banda independente em qualquer lugar longe dos grandes centros, você tem que montar um. E é isso que o Panela de Pressão faz, né? Vocês podem falar um pouco sobre esse aspecto “faça você mesmo” do coletivo?

Os festivais organizados pelo Panela de Pressão são realizados através de amigos que já têm experiência com curadoria de eventos underground. Nisso incluem os alvarás para coibir problemas com vizinhança, locais comerciais, horários e etc.

Uma outra ideia é a comodidade para os artistas que farão as apresentações, passando informes como mapa de palco e itens que serão disponibilizados, é tudo composto em um fechamento antes da data prevista.

Com tudo organizado, é só realizar a construção do festival, organizar parcerias como tendas comerciais e materiais próprios para venda com variedades desde discos, zines, camisetas, etc.

Tocar hardcore no interior de SP foi sempre uma experiência distinta, sempre teve muito metal e sertanejo, mas o restante era escasso. Mas eu percebi uma movimentação maior de todos os gêneros musicais nos últimos anos. Como vocês veem a cena hoje?

Alguns gêneros sempre se organizaram para se manterem vivos e essa contracultura dentro do punk, hardcore e grindcore sempre existiu, desde anos 70.

Claro que a mídia fonográfica investe nos moldes do que vende, mas há quem segue uma linha real, que não cai na ilusão de status, que realmente faz o que gosta e se preocupa em levar a ideia para locais de difícil acesso e tão pouco explorados.

As comunidades precisam de arte, a arte muda e dá uma perspectiva melhor para o cidadão que sonha em ter dignidade e respeito.

“Rolê no Gerador” – Catanduva, SP

Vocês podem falar um pouco sobre a primeira coletânea Panela de Pressão? Como surgiu a ideia, como foi a seleção de bandas?

A primeira coletânea do Panela surgiu como uma inspiração (até soa estranho, né? Inspiração com essa catástrofe) nesse período de pandemia, com tantas coisas que param de ser vinculadas e houve a renovação das plataformas para dar suporte a bandas autorias como podcasts, distros e as lives, convidamos algumas bandas parceiras a participar de algumas lives e disso surgiu a coletânea.

Pensamos em realizar a coletânea só com as bandas que estão no grupo do coletivo no WhatsApp, mas decidimos ampliar para todas as bandas interessadas, porém há um limite de tempo no disco físico, de 60 minutos, então lançamos a primeira e organizamos o projeto para a segunda coletânea que já está em andamento, compondo outros 60 minutos. Aproximadamente 25 bandas autorais.

Vocês têm planos para mais coletâneas e movimentação fora de eventos? Quais os próximos planos do coletivo?

Estamos com algumas ideias, ainda só no papel, de como manter as lives em funcionamento e a coletânea nesse ano de 2022.

Os festivais são como combustível para manter esse veículo transitando pelas cidades propagando arte, manifesto visceral e com muita força na pauta do Hardcore Contra o Fascismo e outras linguagens dentro do underground.

Últimas considerações? Algum recado?

O Panela de Pressão deixa aqui os sinceros abraços. Se cuidem, usem máscara, viva o SUS, fora Bozo, Hardcore Contra o Fascismo.

Se você tem uma banda autoral desde rock até o extremo metal, nos envie o material, participe da 2ª coletânea do Panela de Pressão.

Caso tenha interesse de organizar um festival com gerador de energia na sua cidade, entre em contato pelo Instagram.