Bus Ride Notes
Entrevistas

Entrevista: Nosedive

A banda de Bauru, SP (que já participou da Discografia Caipirópolis) foi formada em 2019 e hoje é composta por Gabriel (voz), Danilo (guitarra), João (guitarra), Ricardo (baixo) e Lucas (bateria).

Nosedive tem influências do hardcore, emo e anos 90, e portanto seu som é semelhante a algumas bandas que fazem parte do revial emo dos anos 2010 (Superheaven, Balance and Composure, Basement, etc), que têm as mesmas influências.

Eles lançaram seu primeiro EP, “Dull Days” em 2020 e em abril de 2022, o segundo, “Losing Touch”.

Conversamos com a banda sobre a sua história, lançamentos, a cena na região de Bauru e mais na entrevista que você lê a seguir.

Vocês podem falar um pouco sobre a banda pra quem não conhece?

Somos uma banda de hardcore com influências múltiplas que vão desde o post rock até o começo do emo da escola da Dischord, Jade Tree e Sub Pop. Somos de Bauru, SP e a banda existe desde o começo de 2019.

Nesse tempo lançamos dois EPs (um em abril desse ano ano) e um single. Tivemos oportunidade de tocar em alguns lugares fora de Bauru e algumas vezes por aqui. Curtimos muito tocar, conhecer pessoas e fazer amizades, então se você que tá lendo curtir nosso som e quiser chamar a gente pra tocar, saiba que vamos com o maior prazer.

Vocês se consideram parte da geração “grungemo”?

Pode se dizer que sim. Todos nós tivemos a adolescência nos anos 90, então foi inevitável ter influência das bandas que se destacaram nesse período. Já o emo foi descoberto mais tarde, mas fez todo sentido e talvez a banda nem existisse se não fosse esse gosto em comum.

Já teve gente falando que a banda lembrava desde Nirvana até Hüsker Dü e isso é muito legal porque são bandas que em maior ou menor escala fizeram parte do que escutamos.

Falando nisso, quais são algumas das influências da banda? Tanto no som, quanto em outros aspectos?

Em questão de som acho que as principais são Hüsker Dü, Knapsack, Braid, Seaweed, Hot Water Music, Dinosaur Jr. A escola da Dischord como Embrace, Rites of Spring, Three, Fugazi e umas bandas mais novas como o Basement e o Title Fight.

No Brasil curtimos muito Polara, Againe, Horace Green, Noção de Nada. Cada integrante escuta coisas bem distintas que vão desde samba até metal e isso, querendo ou não, acaba influenciando também nas composições.

Fora da música são os livros, filmes, política, coisas que vivenciamos, histórias de pessoas próximas e por aí vai.

A gente não aguenta mais falar sobre a pandemia, mas a Nosedive lançou todos os seus materiais (dois EPs e um single) durante esse período. Isso teve alguma influência na banda?

No primeiro EP não, pois ele já estava gravado. Ele ficou pronto bem no começo da pandemia. No segundo já teve mais influência, algumas músicas que estão nele foram compostas nesse tempo.

Acho que o pior de tudo é que foi um período bem difícil, principalmente emocionalmente. Familiares de amigos chegaram a falecer ou ficar em estado grave. Fora toda incerteza de como seriam as coisas no futuro porque durante um tempo ficou realmente tudo parado, trabalho, vida pessoal, banda, amigos, família, tudo.

Em relação especificamente à banda, a frustração maior foi não ter feito shows depois de lançar material. Para você ter uma ideia, a primeira vez que tocamos depois de ter lançado o primeiro EP foi no final do ano passado. Ficava aquela expectativa de como seria a recepção ao vivo, em como as pessoas iam receber.

Vocês fazem parte do coletivo Refuse2Sink, certo? Vocês podem falar um pouco sobre ele e essa parceria? Como é a cena em Bauru?

O Refuse2Sink é uma espécie de coletivo que participam várias bandas. É uma forma de somar forças com outras pessoas que estão no mesmo meio que nós. O coletivo conseguiu viabilizar shows, lives, gravações ao vivo, vídeos e várias outras coisas que se fossem uma ou duas bandas isoladas talvez não fosse viável. Temos amigos e amigas no coletivo, bandas que admiramos e curtimos somar com o pessoal.

A cena em Bauru atualmente é alimentada pelas próprias bandas e um público pequeno mas que sempre tá presente. É uma cidade interiorana, tudo é muito difícil, desde você conseguir um lugar pra tocar, equipamento, fazer um evento sem tomar prejuízo, gravar, enfim, tudo.

Nessas horas a gente vê como um pouco de cooperação e o faça você mesmo é poderoso, até porque talvez seja o único jeito das coisas tomarem forma aqui. Particularmente, mesmo com toda dificuldade, vejo beleza demais nisso, é o jeito que gosto e acredito.

Últimas considerações? Algum recado?

Só agradecer a vocês pelo interesse na banda e em virem trocar ideia com a gente. Talvez a parte mais legal de ter uma banda é se conectar com as pessoas, fazer amizades e criar laços, então pra gente é sempre um prazer participar.

Para quem tá lendo e se interessou pela banda, é só procurar nas plataformas ou Bandcamp para escutar. E quem quiser trocar ideia com a gente ou nos chamar para tocar, é só mandar uma mensagem no Instagram ou Facebook que respondemos com o maior prazer. Valeu!